DEZ ANOS DE CRUEL: MUITO OBRIGADA!

Dez anos.

A Bianca de dez anos atrás não planejou escrever uma história que renderia milhões de leituras online e mais outros dois livros que completariam uma trilogia de mais de mil páginas. A Bianca de dez anos atrás só queria se divertir escrevendo porque, para ela, escrever era (e ainda é) a coisa que mais ama fazer no mundo. A Bianca de dez anos atrás não preparou uma estrutura de enredo, não construiu os personagens e suas funções com antecedência e não tinha a menor ideia de como a trama terminaria — foi tudo criado e escrito no mais puro instinto. Um livro cru, por muitas vezes inconstante, cheio de pontos fracos e melhorias a serem feitas, mas que (de alguma forma que a Bianca de dez anos depois ainda não consegue entender totalmente) ganhou os corações de milhares de pessoas.

Dez anos no futuro, agora em 2025, a Bianca que escreve para vocês só sente uma gratidão avassaladora e é tomada pela humildade de saber que, mesmo uma década depois, ainda não sabe quase nada. Ainda tem um loooongo caminho a percorrer como escritora e como pessoa, mas aprendeu que olhar para a nossa trajetória e valorizar cada etapa e cada passo dado é importante para continuar em movimento.

CRUEL sempre será meu grande início, embora não tenha sido o primeiro livro que escrevi. Nele, coloquei tudo de mais bonito e mais feio que a eu de dezoito anos conhecia do mundo na época e, embora grande parte de mim sinta o desejo de reescrever, melhorar, aprimorar muitos aspectos do livro, prevalece a parte que sabe que é preciso deixar como está, como parte da minha jornada, como algo de que devo sentir orgulho e amor.

Gosto de brincar com o fato de que cada personagem é uma faceta minha, um pedaço da minha própria personalidade, e que o universo de CRUEL é o meu próprio interior onde todas essas personas existem e coexistem em conflitos internos inacabáveis. Ter todos vocês olhando diretamente para partes tão íntimas de mim é assustador, mas eu sou sempre pega de surpresa pelo carinho que recebo através dos personagens. E tudo só melhora quando alguém mais se identifica com eles — o que quer dizer que nenhum de nós está totalmente sozinho. É um dos superpoderes da literatura, eu acho. Ela conecta as pessoas por um fio invisível que não pode ser partido, não importa o tempo, o espaço e a distância. CRUEL conecta a gente assim. E, desse modo, dez anos se passaram e a gente mal notou. O livro ganhou mais de uma versão física e a história se estendeu até enfim alcançar seu final definitivo — um final, felizmente, feliz.

Por isso, por dez anos da mais pura e genuína fé em Cruel e em mim, eu agradeço. Cada pessoa que leu os primeiros rascunhos no Wattpad e que, assim como eu, não fazia ideia de onde tudo aquilo ia dar, foi como uma mão invisível apoiando a minha própria mão enquanto eu escrevia. A força de vocês, graças a Deus, me impulsionou até aqui e eu nunca, jamais, vou tratar algo assim com indiferença. Agradeço de coração por dez anos de imenso carinho, força e paciência. Agradeço por me permitirem viver o maior sonho da minha vida. Agradeço por permanecerem aqui, mesmo após a conclusão da história que vocês tanto amam. Agradeço por abrirem mais um espacinho para os novos livros que chegam (e tem sempre mais chegando!). Agradeço pela existência de cada um de vocês.

Onde estaremos daqui a dez anos? Eu não arrisco imaginar. Meu desejo mais sincero é que a literatura siga nos conectando e esse é o máximo que sinto que posso pedir. Sou tão feliz e sortuda por ter leitores como vocês que às vezes tenho medo de já ter usado toda a minha sorte nessa vida. Por isso, não me atrevo a desejar muito mais que isso: mais dez anos de livros que nos conectem e que nos façam sentir menos sozinhos, mais ouvidos e de alguma forma notados nesse mundo imenso. Que os próximos dez anos passem rápido, mas não muito. Acima de tudo, que eles sejam ainda mais maravilhosos — para todos nós.

Obrigada por lerem isso aqui. É de coração, como tudo que escrevo para vocês.

Feliz dez anos de CRUEL!